Natureza sem mistério
Desvende com os alunos os desastres naturais que vêm preocupando países nos últimos meses, como furacão, terremoto, vulcão...
Neste ano, desastres naturais sucessivos abalaram o mundo. No dia 12 de janeiro, um terremoto de 7,2 graus na escala Richter devastou o Haiti, o país mais pobre da América. Pouco mais de um mês depois, tremores de magnitude 8,8 destruíram parte do Chile e despertaram alertas de tsunamis em vários pontos do Oceano Pacífico. Em abril, as chuvas deixaram mais de 250 mortos em todo o estado do Rio de Janeiro e cerca de 12 mil desabrigados. Dias depois, foi a vez da China. O país asiático passou por um terremoto de 7,1 graus, deixando centenas de mortos e milhares de feridos. Na mesma semana, um vulcão em erupção na Islândia espalhou fumaça pelo Europa, provocando o cancelamento de cerca de 95 mil voos em aeroportos do continente.
Com certeza seus alunos comentaram sobre mais de uma dessas tragédias, certo? E, embora a temática de vulcões, terremotos e furacões já faça parte da grade escolar, diante dos acontecimentos recentes vale a pena embarcar num aprendizado mais dirigido com os alunos. Assim eles terão a oportunidade de entender o que está se passando.
Essas notícias todas têm, inclusive, influenciado os professores a desenvolver o tema dos desastres naturais de maneira inovadora. Luca Rischbieter*, geógrafo e mestre em educação pela Universidade de Paris V, considera importante, por exemplo, partir do que os alunos já sabem pela mídia. "Tenho plena convicção de que abordar na sala assuntos em destaque nos meios de comunicação é um excelente princípio para termos uma escola mais motivada e relevante". A seguir, confira sugestões de professores e especialistas para pegar carona na atualidade e levar o assunto para alunos de forma interessante.
Essas notícias todas têm, inclusive, influenciado os professores a desenvolver o tema dos desastres naturais de maneira inovadora. Luca Rischbieter*, geógrafo e mestre em educação pela Universidade de Paris V, considera importante, por exemplo, partir do que os alunos já sabem pela mídia. "Tenho plena convicção de que abordar na sala assuntos em destaque nos meios de comunicação é um excelente princípio para termos uma escola mais motivada e relevante". A seguir, confira sugestões de professores e especialistas para pegar carona na atualidade e levar o assunto para alunos de forma interessante.
Baseie-se nas atualidades
Andrea Castagini, professora de ciências e biologia e ilustradora da Secretaria Estadual de Educação do Paraná, baseou-se nos desastres recentes para tratar do assunto em sala de aula. "Eu peço para os alunos trazerem pesquisas de casa e, a partir disso, desenvolvemos trabalhos". Segundo ela, as atualidades são uma boa forma de estimular a participação do aluno, perguntando, por exemplo, o que eles acham que causa esses fenômenos.
Como Andrea, Luca sugere fazer um levantamento do que a classe sabe sobre o evento a ser tratado e também das teorias que tem sobre a causa dos fenômenos. "Na medida do possível, é importante promover atividades diversificadas, que podem incluir produção de maquetes e dramatizações", completa. Robson Paulino, professor de geografia do Colégio de Aplicação da Universidade de Barra Mansa, RJ, e do Colégio AngloAmericano de Volta Redonda, RJ, sugere uma pesquisa na própria escola. Caso haja acesso à internet, o professor pode pedir para os alunos pesquisarem os desastres recentes e ver o número de vítimas e de desabrigados em cada caso.
Detalhes podem atrapalhar
Para falar de terremotos e vulcões com alunos dos primeiros anos do Ensino Fundamental, Robson indica dar explicações mais básicas, sem entrar em maiores detalhes. "Como o tema é complexo, é melhor fazer com que eles entendam o funcionamento básico, ou seja, o que acontece aqui na superfície é uma consequência de algo do interior da Terra", explica. A professora de geografia Leda Moura, da Secretaria Estadual de Educação do Paraná, pensa da mesma forma.
A proposta dela é tratar de vulcões, por exemplo, sem aprofundar. Contudo, é necessário esclarecer que a Terra tem a crosta sólida e o interior viscoso e quente. Por ter o interior quente, tem pressão e é esta pressão que faz com que o interior pastoso e quente saia: são as erupções vulcânicas. "Um ovo poderia exemplificar o planeta: uma fina crosta sólida (a casca) e o interior viscoso (a clara e a gema). Evidentemente o interior do ovo não é quente, mas, se cozinharmos um ovo com rachaduras, a clara e a gema sairão por essas rachaduras, ou seja, ao serem cozidas aumentam de tamanho e fazem pressão contra a casca, saindo por onde for mais frágil (as rachaduras)", explana.
Para explicar terremotos de uma maneira prática, o professor Robson sugere montar a maquete de uma cidade e colocá-la sobre uma mesa. A seguir, balança-se a mesa para simular um terremoto e mostrar seus impactos na cidade. Para mostrar o interior da Terra, Robson diz que o professor pode levar um abacate e cortá-lo, mostrando as várias camadas do planeta.
No colégio Pathernon, em Guarulhos, SP, são desenvolvidos projetos com rochas e minerais no terceiro ano, para que as crianças já entendam os processos do interior da Terra. Comumente as crianças se perguntam se há vulcões no Brasil. Andrea considera importante inserir essa questão nas explicações e fazer uma explanação simplificada das placas tectônicas. Além disso, ela lembra que é interessante ressaltar que abalos em outros países podem ser sentidos no Brasil ou em outros lugares, ainda que em menor grau de intensidade, como aconteceu com o último terremoto no Chile.
No colégio Pathernon, em Guarulhos, SP, são desenvolvidos projetos com rochas e minerais no terceiro ano, para que as crianças já entendam os processos do interior da Terra. Comumente as crianças se perguntam se há vulcões no Brasil. Andrea considera importante inserir essa questão nas explicações e fazer uma explanação simplificada das placas tectônicas. Além disso, ela lembra que é interessante ressaltar que abalos em outros países podem ser sentidos no Brasil ou em outros lugares, ainda que em menor grau de intensidade, como aconteceu com o último terremoto no Chile.
Contextualize e vá além do aspecto físico
Contextualizar e citar outros aspectos de cada lugar onde acontecem desastres naturais, como localização geográfica, são uma boa forma de complementar a explicação. De acordo com Andrea, uma proposta interessante é trabalhar cada país onde ocorreram os fenômenos. "Se for no Chile, por exemplo, além de falar do terremoto, dá para contar um pouco sobre o país", diz.
Ir além da explicação do fenômeno tem outras funções, como conscientizar. Quanto aos deslizamentos de terra acontecidos no Rio de Janeiro recentemente, por exemplo, Andrea sugere levar em conta a questão ecológica: "Tem tudo a ver com ecologia, como o homem utiliza a natureza e as consequências desse uso", diz. "No caso, das pessoas que moram nas encostas, acho importante questionar o que as levou a morar lá, o que isto acarretou ao meio ambiente?", complementa. Para explicar a questão dos deslizamentos, Robson indica uma atividade interdisciplinar simples.
Os alunos, com a ajuda do professor, dividem uma caixa ao meio. De um lado, com auxílio do professor de biologia, plantam mudas. Do outro lado, depositam terra sem plantar nada. Então, joga-se água sobre cada um dos lados, mostrando os efeitos da erosão do solo: onde não há nada plantado, o morro desmorona. No caso de terremotos, a proposta de Andrea é de o professor abordar qual a dimensão dos estragos e como o país faz para se recuperar. Para alunos do quinto ano, a professora diz ser possível fazer uma atividade de problematização, pedindo para os alunos gerirem recursos para uma população que sofreu um desastre.
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